segunda-feira, 7 de setembro de 2009

VAMOS COMEÇAR AS POSTAGENS COM UMA ORAÇÃO...

O Espiritismo reconhece como boas as preces de todos os cultos, quando são ditadas pelo coração, e não pelos lábios; não impõe nenhuma delas, nem censura nenhuma. Deus é muito grande, segundo ele, para rejeitar a voz que lhe implora ou que canta seus louvores, porque a faz de um modo antes que de outro. Todo aquele que lançasse anátema contra as preces que não estão no seu formulário, provaria que desconhece a grandeza de Deus. Crer que Deus se prende a uma fórmula é emprestar-lhe a pequenez e as paixões da humanidade.

Uma condição essencial da prece, segundo São Paulo (cap. XXVII, nº 16), é de ser inteligível, a fim de que possa falar ao nosso espírito; por isso, não basta que ela seja dita numa língua compreendida daquele que ora; há preces em linguagem vulgar que não dizem muito mais ao pensamento do que se fossem em linguagem estrangeira, e que, por isso mesmo, não vão ao coração; as raras idéias que elas encerram são, freqüentemente, sufocadas pela superabundância de palavras e o misticismo da linguagem.

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O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO


Contendo a explicação as máximas morais do Cristo, sua concordância com o espiritismo e sua aplicação às diversas posições da vida.

• Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade.

por ALLAN KARDEC

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ORAÇÃO DOMINICAL

Os Espíritos recomendaram colocar a Oração Dominical , não somente como prece, mas como símbolo; de todas as preces, é a que colocam em primeiro plano, seja porque ela veio do próprio Jesus (São Mateus, cap. VI, v. de 9 a 13), seja porque pode substituir a todas, segundo o pensamento que se lhes fixa; é o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade na sua simplicidade.

Com efeito, sob a mais restrita forma, resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo, encerra uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão, o pedido das coisas necessárias à vida, e o princípio da caridade.

Dizê-la em intenção de alguém, é pedir para ele o que se pediria para si.

Entretanto, em razão mesmo da sua brevidade, o sentimento profundo encerrado em algumas palavras das quais ela se compõe, escapa à maioria; por isso é dita, geralmente, sem dirigir o pensamento sobre as aplicações de cada uma das suas partes; é dita como uma fórmula, cuja eficácia é proporcional ao número de vezes que é repetida; ora, é quase sempre um dos números cabalísticos três, sete ou nove, tirados da antiga crença supersticiosa da virtude dos números, e em uso nas operações da magia.

Para completar o vago que a concisão dessa prece deixa no pensamento, segundo o conselho e com a assistência dos bons Espíritos, foi juntado a cada proposição um comentário que lhes desenvolve o sentido e mostra suas aplicações. Segundo as circunstâncias e o tempo disponível, pode-se dizer, pois, a Oração dominical simples ou desenvolvida.

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PRECE.

– I. Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome!
Cremos em vós, Senhor, porque tudo revela o vosso poder e a vossa bondade. A harmonia do Universo testemunha uma sabedoria, uma prudência e uma previdência que suplantam todas as faculdades humanas; o nome de um ser soberanamente grande e sábio está inscrito em todas as obras da Criação, desde o ramo de erva e no menor inseto, até os astros que se movem no espaço; por toda parte vemos a prova de uma solicitude paternal; por isso, cego é aquele que não vos reconhece em vossas obras, orgulhoso aquele que não vos glorifica e ingrato aquele que não vos rende ações de graça.



II. Venha o vosso reino!



Senhor, destes aos homens leis cheias de sabedoria e que fariam a sua felicidade se as observassem. Com essas leis, fariam reinar entre eles a paz e a justiça; se entre-ajudariam mutuamente, em lugar de se prejudicarem como o fazem; o forte sustentaria o fraco em lugar de esmagá-lo; evitariam os males que engendram os abusos e os excessos de todos os gêneros. Todas as misérias deste mundo vêm da violação de vossas leis, porque não há uma só infração que não tenha conseqüências fatais.

Destes ao animal o instinto que lhe traça o limite do necessário, e ele com isso maquinalmente se conforma; mas ao homem, além desse instinto, destes a inteligência e a razão; destes também a liberdade de observar ou infringir aquelas de vossas leis que lhe concernem pessoalmente, quer dizer, de escolher entre o bem e o mal, a fim de que tenha o mérito e a responsabilidade das suas ações.

Ninguém pode pretextar ignorância de vossas leis, porque em vossa previdência paternal, quisestes que elas fossem gravadas na consciência de cada um, sem distinção de culto nem de nações; aqueles que as violam é porque vos desconhecem.

Dia virá em que, segundo a vossa promessa, todos as praticarão; então, a incredulidade terá desaparecido; todos vos reconhecerão por soberano Senhor de todas as coisas, e o reino de vossas leis será o vosso reino na Terra.

Dignai-vos, Senhor, apressar o seu advento, dando aos homens a luz necessária para conduzi-los ao caminho da verdade.

III. Seja feita a vossa vontade, na Terra, como no céu!


Se a submissão é um dever do filho com relação ao pai, do inferior para com o superior, quanto não deve ser maior a da criatura com relação ao seu Criador. Fazer a vossa vontade, Senhor, é observar as vossas leis e se submeter, sem
murmurar, aos vossos decretos divinos; o homem a isso se submeterá, quando compreender que sois a fonte de toda a sabedoria, e que sem vós, ele nada pode; então, fará vossa vontade na Terra, como os eleitos no céu.



IV. Dai-nos o pão de cada dia.

Dai-nos o alimento para a manutenção das forças do corpo; dai-nos também o alimento espiritual para o desenvolvimento do nosso Espírito.


O animal encontra seu alimento, mas o homem o deve à sua própria atividade e aos recursos da sua inteligência, porque o criastes livre.

Vós lhe dissestes: "Tirarás teu alimento da terra com o suor da tua fronte"; com isso, lhe fizestes do trabalho uma obrigação, a fim de que ele exercite a sua inteligência na procura dos meios de prover as suas necessidades e seu bem-estar, uns pelo trabalho material, outros pelo trabalho intelectual; sem o trabalho, permaneceria estacionário e não poderia aspirar à felicidade dos Espíritos superiores.

Secundais o homem de boa vontade que se confia a vós para o necessário, mas não aquele que se compraz na ociosidade e gostaria de tudo obter sem trabalho, nem aquele que procura o supérfluo. (Cap. XXV).


Quantos são os que sucumbem por suas próprias faltas, por sua incúria, sua imprevidência ou sua ambição, e por não quererem se contentar com o que lhes destes! Estes são os artífices de seu próprio infortúnio e não têm o direito de se lamentar, porque são punidos naquilo em que pecaram. Mas a estes mesmos, não abandonais, porque sois infinitamente misericordioso; vós lhes estendeis mão segura desde que, como o filho pródigo, retornem sinceramente a vós. (Cap. V, nº 4).

Antes de nos lamentarmos da nossa sorte, perguntemo-nos se ela não é obra nossa; a cada infelicidade que nos chegue, perguntemo-nos se não dependeu de nós evitá-la; mas digamos também que Deus nos deu a inteligência para nos tirar do lamaçal, e que depende de nós dela fazer uso.

Uma vez que a lei do trabalho é a condição do homem na Terra, dai-nos a coragem e a força para cumpri-la; dai-nos também a prudência, a previdência e a moderação, a fim de não perder-lhe o fruto.


Dai-nos, pois, Senhor, nosso pão de cada dia, quer dizer, os meios de adquirir, pelo trabalho, as coisas necessárias à vida, porque ninguém tem o direito de reclamar o supérfluo.

Se o trabalho nos é impossível, nos confiamos à vossa divina providência.

Se está em vossos desígnios nos experimentar pelas mais duras privações, malgrado os nossos esforços, nós as aceitaremos como uma justa expiação de faltas que tenhamos cometido nesta vida, ou numa vida precedente, porque sois justo; sabemos que não há penas imerecidas, e que não punis jamais sem causa.

Preservai-nos, ó meu Deus, de conceber a inveja contra aqueles que possuem o que não temos, nem mesmo contra aqueles que têm o supérfluo, quando nos falta o necessário. Perdoai-lhes, se olvidam a lei de caridade e de amor ao próximo, que lhes ensinastes. (Cap. XVI, nº 8).

Afastai também do nosso espírito o pensamento de negar a vossa justiça, vendo a prosperidade do mau e a infelicidade que oprime, por vezes, o homem de bem. Sabemos, agora, graças às novas luzes que vos aprouve dar-nos, que a vossa justiça se cumpre sempre e não falta a ninguém; que a prosperidade material do mau é efêmera como a sua existência corporal, e que terá terríveis reveses, ao passo que a alegria reservada àquele que sofre com resignação será eterna. (Cap. V, nºs 7, 9, 12, 18).

V. Perdoai as nossas dívidas como nós as perdoamos àqueles que nos devem. Perdoai as nossas ofensas, como perdoamos àqueles que nos ofenderam.

Cada uma das nossas infrações às vossas leis, Senhor, é uma ofensa para convosco, e uma dívida contraída que nos será preciso, cedo ou tarde, pagar. Para elas solicitamos o perdão de vossa infinita misericórdia, sob a promessa de fazer esforços para não contrair dívidas novas.

Fizestes uma lei expressa da caridade; mas a caridade não consiste somente em assistir o semelhante na necessidade; consiste também no esquecimento e no perdão das ofensas. Com que direito reclamaríamos a vossa indulgência, se nós mesmos faltamos com ela em relação àqueles dos quais temos do que nos queixar?


Dai-nos, ó meu Deus, a força para sufocar em nossa alma todo ressentimento, todo ódio e todo rancor; fazei com que a morte não nos surpreenda com um desejo de vingança no coração. Se vos apraz nos retirar hoje mesmo deste mundo, fazei com que possamos nos apresentar a vós puros de toda animosidade, a exemplo do Cristo, cujas últimas palavras foram por seus algozes. (Cap. X).

As perseguições que os maus nos fazem suportar fazem parte das nossas provas terrestres; devemos aceitá-las sem murmurar, como todas as outras provas, e não maldizer aqueles que, por sua maldade, nos abrem o caminho da felicidade eterna, porque dissestes pela boca de Jesus: "Bem-aventurados aqueles que sofrem pela justiça!" Bendigamos, pois, a mão que nos fere e nos humilha, porque as contusões do corpo fortalecem nossa alma, e seremos levantados da nossa humildade. (Cap. XII, nº 4).

Bendito seja o vosso nome, Senhor, por nos haverdes ensinado que a nossa sorte não está irremediavelmente fixada depois da morte; que encontraremos em outras existências os meios de resgatar e de reparar as nossas faltas passadas, de cumprir numa nova vida o que não pudemos fazer nesta por nosso adiantamento. (Cap. IV; cap. V, nº5).

Assim se explicam, enfim, todas as anomalias aparentes da vida; é a luz lançada sobre nosso passado e nosso futuro, o sinal radioso da vossa soberana justiça e da vossa bondade infinita.

VI. Não nos abandoneis à tentação, mas livrai-nos do mal (1).


Dai-nos, Senhor, a força de resistir às sugestões dos maus Espíritos que tentarem nos desviar do caminho do bem, em nos inspirando maus pensamentos.


(1) Certas traduções trazem: Não nos induzais em tentação (et ne nos inducas in tentationem); essa expressão daria a entender que a tentação vem de Deus; que ele compele voluntariamente os homens ao mal, pensamento blasfematório que assemelharia Deus a Satã, e não pode ter sido o de Jesus. Ela está, de resto, conforme a doutrina vulgar sobre o papel dos demônios. (Ver O Céu e o Inferno, cap. X, os Demônios).



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Lembre-se...
A inteligência longe está de constituir um indício certo de superioridade, porquanto a inteligência e a moral nem sempre andam emparelhadas. Pode um Espírito ser bom, afável, e ter conhecimentos limitados, ao passo que outro, inteligente e instruído, pode ser muito inferior em moralidade. Livro dos Médiuns, Cap. XXIV-265.

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MISSÃO DOS ESPÍRITAS

4. Não ouvis já se agitar a tempestade que deve dominar o velho mundo e tragar no nada a soma das iniqüidades terrestres? Ah! bendizei o Senhor, vós que haveis posto vossa fé em sua soberana justiça e como novos apóstolos da crença revelada pelas vozes proféticas superiores, ide pregar o dogma novo da reencarnação e da elevação dos Espíritos, segundo tenham bem ou mal cumprido suas missões, e suportado suas provas terrestres.

Não vos amedronteis!
As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças.
Oh! verdadeiros adeptos do Espiritismo, sois os eleitos de Deus!
Ide e pregai a palavra divina. A hora é chegada em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis.
Ide e pregai: os Espíritos, do alto, estão convosco. Certamente falareis a pessoas que não quererão escutar a voz de Deus, porque essa voz as chama sem cessar à abnegação; pregareis o desinteresse aos avaros, a abstinência aos dissolutos, a mansuetude aos tiranos domésticos e aos déspotas: palavras perdidas, eu o sei; mas, que importa! É preciso regar com os vossos suores o terreno que deveis semear, porque ele não frutificará e não produzirá senão sob os esforços reiterados da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!





O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - CAPÍTULO XX
Allan Kardec
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